terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quem Tem Medo da Morte?

Homem alegre vendo o pôr-do-sol.


Embora seja a única certeza da vida o ser humano jamais conseguiu compreender a morte de forma clara e a incerteza do porvir é mais um fator a gerar inquietação, dúvidas, medo. Ora, só se teme aquilo que se desconhece, logo, assim que passamos a conhecer e compreendemos deixamos de temer. Assim acontece com a morte que para maioria das pessoas ainda inspira medo, até mesmo pavor, mas não passa de algo natural. As religiões têm sua parcela de culpa nesse aspecto, pois não preparam seus adeptos para a morte, nem própria nem dos outros, e ainda os amedronta em relação ao que vêm depois dela, nesse aspecto vejamos o que os espíritos nos dizem:

941 – O receio da morte é para muitas pessoas uma causa de perplexidade; de onde vem esse temor, uma vez que elas têm diante de si o futuro?
- É errado que tenham esse temor; todavia, que queres tu! Se procura as persuadir, em sua juventude, de que há um inferno e um paraíso, mas que é mais certo que elas irão para o inferno, porque lhe dizem que, o que está na Natureza, é um pecado mortal para a alma. Então, quando se tornam grandes, se têm um pouco de julgamento, não podem admitir isso e se tornam atéias ou materialistas; é assim que as levam a crer que, fora da vida presente, não há mais nada. Quanto às que persistiram em suas crenças da infância, elas temem esse fogo eterno que as deve queimar, sem as destruir. (...)1

Para o Espírita a morte não é senão mais uma etapa da vida, a passagem do plano material para o plano espiritual que é nossa verdadeira “casa” e que antes deve ser vista com alegria pelo ser que se liberta, que cumpriu sua missão, ao invés de uma tristeza que o atormenta e que não encontra consolo nas outras doutrinas. Como diz Kardec: “a Doutrina Espírita muda completamente a maneira de encarar o mundo. A vida futura não é mais uma hipótese, mas uma realidade”2. O Espírita que enxerga tudo de mais alto sabe que a morte não é um adeus e sim um até breve, pois todos se reencontrarão no outro plano e antes mesmo disso aquele que fez a viagem primeiro estará acompanhando os que ficaram para atrás até o dia do grande reencontro ajudando-os e fortalecendo-os nessa interconexão ininterrupta entre os dois planos como nos diz Kardec:
(...) Depois, em lugar de estarem perdidos nas profundezas do espaço, eles estão ao nosso redor; o mundo corporal e o mundo espiritual estão em perpétuas relações, e se assistem mutuamente. (...)3

Assim vemos o quanto a Doutrina Espírita nos esclarece sobre a morte e a vida após a morte e esse esclarecimento não se baseia em achismos, mas é “um resultado da observação. (...) o mundo espiritual nos aparece em toda a sua realidade prática; não são os homens que o descobrem pelo esforço de uma concepção engenhosa, mas são os próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação”4.

Para os amigos que queiram mais amplos conhecimentos sobre o assunto recomendo a leitura de “O Livro dos Espíritos” e "O Céu e o Inferno" de Allan Kardec e “Quem tem medo da morte?” de Richard Simonetti. Um grande abraço a todos e que Deus nos abençoe sempre.
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Referências:
1. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. ed. 5. Boa Nova, 2007. Q.941.
2. _____. O Céu e o Inferno. ed. 45. IDE, 2006. Cap. 2. P. 22. Item 10.
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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Ser Espírita, Ser Cristão


Mártires e leões no coliseu de Roma.


Na atualidade convivemos com uma turbulência social e natural muito grande. Na televisão, no rádio e na internet é comum vermos os debates acerca de temas palpitantes, mas que geram mais temor nas pessoas que qualquer outro sentimento. Em uma sociedade que se habituou a ser passiva, a esperar sempre que a solução venha dos outros, e isso ocorre mesmo nas religiões, fica difícil alguma perspectiva de mudança no curto prazo, pois os abalos da vida vêm, mas as pessoas voltam ao comodismo e ao marasmo de antes na enganosa utopia de que os problemas acontecem apenas com os outros.

Nesse contexto a mensagem de Jesus continua cada vez mais atual e necessária as nossas vidas e seu chamado se faz cada vez mais forte à nossa consciência quando nos diz: “vois sois o sal da terra e a luz do mundo” (Mateus 5:13-14). O Cristão nunca deve esquecer que o conhecimento do evangelho não é um artigo egoísta apenas para a própria salvação, mas uma concessão que Deus nos deu para que pudéssemos reparar nossos erros ajudando nossos irmãos. O Espírita, aliás, tem mais obrigações, pois conhece a Lei de Amor e Caridade trazida por Jesus e relembrada e esclarecida pelos Espíritos Superiores e que deve ser nossa bússola, nossa regra de vida para conosco e para com o outro, pois como Jesus disse “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim” (João 14:6) e se não se pode chegar a Deus sem a vivência do evangelho, também não se pode chegar à vivência do evangelho sem a caridade para com o próximo.

Necessário se faz então que o Cristão, o Espírita vença essa barreira da inércia que o mantém espiritualmente paralisado e consiga chegar ao outro, ao próximo, que faça a diferença na vida de alguém e se torne assim o sal que tempera a terra e a luz que ilumina as trevas do mundo vivenciando o evangelho que Jesus nos legou a mais de dois mil anos e que até hoje tão pouco conhecemos e menos ainda vivenciamos. Hoje o martírio não mais ocorre nos circos da tirania romana, mas na censura e no desencorajamento de uma sociedade materialista e desumana e nos corações congelados pelo orgulho e o egoísmo que vêem em Deus apenas um fornecedor de bens temporais que olha apenas pelos que o adoram de tal modo em detrimento dos que o adoram de tal outro. O Espírita que conhece melhor que ninguém a Justiça Divina, que a ninguém desampara, sabe da necessidade de vivermos o evangelho em cada ato de nossa vida, sabe que a caridade deve ser sempre a nossa regra de conduta e sabe que depende de nós tornar o mundo um lugar melhor começando dentro de nós e espalhando ao nosso redor como sal da terra e luz do mundo.

Que Jesus abençoe a todos nós e que possa nos inspirar sempre a agirmos conforme a Boa Nova que ele nos trouxe, assim seja!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Chegada ao Mundo Espiritual - A Colheita

Ponte no céu.

Ao perguntar que recepção os espíritos teriam no plano espiritual após o desencarne, Kardec obteve a seguinte resposta: "a do justo, como um irmão bem-amado esperado há longo tempo; a do perverso como um ser que se enganou"[1]. Sendo o Mundo Espiritual a nossa verdadeira casa, é lá também a nossa verdadeira vida e por isso lá percebemos as coisas com outros olhos[2], damos outro valor a todas as coisas e por isso é comum o espírito enxergar que se equivocou e chegar ao arrependimento quando analisa as escolhas que fez durante a vida no corpo físico. Os Espíritos Superiores, que possuem uma noção das coisas muito mais clara que a nossa, não enxergam um espírito que fez o mau como um ser inferior, mas apenas como uma alma doente que se equivocou nas escolhas que fez, mas que Deus não desamparará[3].


Em consonância com Jesus, sabemos que cada um receberá conforme as próprias obras (Mateus, 25:31-46) e que será cobrado mais daquele que mais recebeu (Lucas, 12:47-48), mas graças aos esclarecimentos que recebemos da Doutrina Espírita sabemos que essa cobrança é feita pela própria consciência culpada[4] sem a necessidade de um juiz para apontar os pontos em que o espírito errou, pois esse juiz é a própria consciência que o segue aonde ele for. Em contraste com essa situação como é diferente a situação do justo quando chega ao mundo espiritua, como é feliz o reencontro com aqueles que o precederam[5] sem  carregar nada que lhe recrimine na consciência

Tal análise nos leva a termos a consciência de que depende de nós e só de nós a forma como seremos recebidos no mundo espiritual, na Justiça Divina ninguém pode levar o fardo de ninguém nem receberá as glórias pelo trabalho do outro[6]. Ao espírito que errou resta ainda a possibilidade de reparar seus erros através de um arrependimento pró-ativo e não daquele arrependimento que pensa ganhar o céu apenas com palavras que nada dizem ao coração. Nesse ponto Kardec esclarece oportunamente:
"A necessidade de reparação é um princípio de rigorosa justiça, que se pode considerar como sendo a verdadeira lei de reabilitação moral dos Espíritos. É uma doutrina que nenhuma religião ainda proclamou.
Entretanto, algumas pessoas a repelem, porque achariam mais cômodo poder apagar as suas faltas pelo simples arrependimento, que não custa senão palavras, e com a ajuda de algumas fórmulas; permita-lhes se crerem quites: verão, mais tarde, se isso lhes basta. (...)[7]"
Acredito que Kardec, como sempre, esclareceu muito bem essa questão e espero que esse artigo possa ajudar a quantos tenham ainda dúvidas em relação à Justiça Divina e a chegada dos espíritos no plano espiritual. Assim meus irmãos agradeço pelo carinho e pela atenção e peço-lhes que comentem, façam críticas, tirem dúvidas e façam sugestões, pois a participação de vocês é importantíssima para o crescimento do blog.

Que Jesus abençoe a todos nós hoje e sempre, assim seja!


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Referências:

1. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. ed. 5. Boa Nova, 2007. Q.287.
2. _____. _____. Q. 241.
3. _____. O Céu e o Inferno. ed. 45. IDE, 2006. Cap. 7. p. 83.
4. _____. O Livro dos Espíritos. ed. 5. Boa Nova, 2007. Q. 965, 970 e 975.
5. _____._____. Q. 289, 290.
6. _____. O Céu e o Inferno. ed. 45. IDE, 2006. Cap. 7. p. 84
7. _____. _____. p. 82 (Nota de rodapé).