quinta-feira, 31 de março de 2011

A Reencarnacao na Visão do Espiritismo (Parte 2)

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Caros amigos do Blog 3ª Revelação, é com muita alegria e satisfação que escrevo este artigo sobre um dos temas mais bonitos e palpitantes da Doutrina Espírita. Não tenho a pretensão de encerrar o assunto, que por si só é muito amplo, sem contar com os infinitos desdobramentos do tema, mas espero que ao chegarem ao fim deste artigo consigam compreender como o Espiritismo entende a reencarnação e como esta é inseparável do conceito de Justiça e Amor de Deus.


Antes de entrarmos diretamente no assunto reencarnação acho interessante passar algumas explicações rápidas sobre como o Espiritismo entende Deus. Este também é um assunto muito amplo e será tratado mais pormenorizadamente em outro artigo, mas é de fundamental importância para nossa compreensão entendermos alguns atributos de Deus para compreendermos o motivo de a reencarnação ser a mais perfeita manifestação do amor de Deus para conosco.


Em O Livro dos Espíritos na questão de número um Kardec indaga aos Espíritos Superiores “que é Deus” e recebe como resposta a mais perfeita síntese sobre a divindade: “Inteligência Suprema, causa primeira de todas as coisas”. Deixando de lado uma análise mais profunda da resposta, vamos nos ater à primeira parte quando temos que Deus é a Inteligência Suprema, ou seja, nenhuma outra lhe é, foi, ou será maior, entendendo então que sendo Deus perfeito em tudo, inclusive em inteligência, sua obra não pode falhar. Um erro comum no ser humano é tirar Deus por si, achar que o pensamento de Deus é igual ao seu invertendo assim o ensinamento do Gênesis que diz que Deus nos fez “à sua imagem e semelhança” fazendo então Deus à própria imagem e semelhança.


Olhando nossas sociedades na Terra percebemos o quanto a nossa justiça é falha, o quanto as nossas leis ainda são imperfeitas e, em alguns casos, parciais. Um homem que não se adéqüe à sociedade, descumprindo suas leis, é enviado para um presídio onde pode ou não ser solto após um período de tempo. Alguns se reeducam e mudam de vida, mas muitos não mudam e continuam suas vidas assim até morrerem ou, no caso de alguns países, são condenados à prisão perpétua ou pena de morte. Agora uma pergunta: tudo isso é ou não é uma falha no sistema de reeducação? A justiça condenar uma pessoa à prisão perpétua ou à pena de morte é assinar um atestado de incapacidade do Estado em lidar com essas pessoas, mas será que Deus é assim conosco? Será que sendo Ele perfeito, conseqüentemente Sua obra perfeita ele agiria conosco igual fazem os seres humanos assumindo assim que falhou em sua criação? Isso seria um absurdo, mas é isso que defendem as doutrinas que pregam o céu e o inferno. O inferno seria a prova máxima da imperfeição da criação de Deus, onde Ele jogaria aqueles que não conseguiu educar e por não ter mais recursos se livraria deles. Desnecessário comentar o absurdo de tal doutrina.


Imaginemos agora que nenhuma alma se perde, por mais renitente que seja no mal todas as experiências que vive lhe ajudarão a galgar o caminho da felicidade, do “céu”. Que ela não terá apenas uma vida, mas que terá quantas forem necessárias para sua evolução dependendo apenas dela evoluir mais ou menos rápido como um aluno que no colégio pode repetir ou não de ano e tanto mais se dedique aos estudos, mais rápido sairá de lá enquanto que o aluno que nada quer com estudo repetirá de ano várias vezes até aprender as lições que negligenciou. Verifiquemos, desinteressadamente, qual desses dois sistemas melhor se adéqua à Justiça, à Misericórdia e ao Amor de Deus. Será que Deus sendo perfeito daria apenas uma vida ao ser humano depois o colocando no céu ou se livrando eternamente dele no inferno por falta de capacidade de educá-lo? Ou será que Ele agiria como um Pai de Amor, Justiça e Misericórdia que sempre deixa aberta a possibilidade de arrependimento e mudança, mas exige que cada um avance pelos próprios esforços e méritos?Assim amigos, entendemos o motivo de a reencarnação está de acordo com a mais perfeita justiça, o porquê de Deus ter nos fornecido esse meio de evolução e educação para a alma.


Entrando agora mais diretamente no assunto do artigo, a reencarnação, começo por explicar a palavra. Encarnar significa entrar na carne no sentido de uma alma entrar em um corpo para iniciar a vida, assim reencarnar significa a ação de encarnar de novo, ou seja, voltar à vida na Terra após já ter vivido nela. Algumas religiões entendem que a reencarnação da alma humana pode se dar também em corpos animais, a chamada metempsicose, porém a Doutrina Espírita não corrobora com essa visão, de modo que a alma do homem, segundo o Espiritismo, só pode reencarnar em corpos humanos.


Algumas pessoas já me perguntaram se todas as pessoas reencarnam. Bom, sendo Deus perfeitamente Justo e Amoroso, só o pode ser se for com todos os seus filhos independentemente de raça, classe social ou religião, então a reencarnação foi feita para todos daí ser uma lei biológica, natural como falado no artigo anterior, de modo que todos reencarnam inclusive aqueles que não acreditam em reencarnação.


Uma das grandes utilidades da reencarnação para nós é que não perdemos nunca o aprendizado que juntamos durante toda a vida, daí não fazer sentido a expressão “tarde demais”, pois o aprendizado de uma vida pode ser levado à outra como intuição, idéias inatas, vocação, facilidade de aprendizado e mesmo como conhecimento pronto no caso dos meninos prodígio. Alguns podem objetar que o esquecimento do passado impede isto, mas não é verdade. Se Deus nos faz esquecer o passado é porque lembrá-lo não teria utilidade e também esse esquecimento não é absoluto, como disse anteriormente ainda conservamos as idéias inatas e tendências.


Existe um detalhe curioso quanto à reencarnação que é o fato de freqüentemente reencarnarmos na mesma família e reencontrarmos as mesmas pessoas, porém em papéis diferentes. Um pai pode ser nosso filho, um irmão nosso pai, um grande amigo pode ser nosso irmão e etc. São infinitos os papéis que desempenhamos em nossas vidas por que temos a necessidade de aprendermos tudo daí passarmos pelas mais diversas situações como pobreza e riqueza, nascer em tal ou tal outro país e etc. Interessante ressaltar que podemos nascer em sexos diferentes, então um homem pode renascer como mulher e uma mulher como homem, pois cada sexo tem aprendizados distintos que cabe a todos angariarem no caminho da evolução.


Uma visão equivocada da reencarnação prega que a reencarnação é um castigo e que reencarnamos apenas para pagar erros do passado. Isso é inverter a ordem das coisas. Sim, nós sofremos durante as várias vidas as conseqüências de atos errados cometidos em outras vidas como na mesma, mas isso está longe de ser o objetivo da reencarnação. A reencarnação tem como objetivo proporcionar ao espírito os meios de evoluir daí o sofrimento, ou seja, as conseqüências de atos errados que cometemos não objetivam o sofrimento em si, mas o aprendizado que dele decorre, as experiências que angariamos durante esse sofrimento.



Meus amigos, espero tê-los ajudado a ter uma visão geral sobre como a Doutrina Espírita compreende a reencarnação, peço desculpas pelos erros que posso ter cometido e me reconheço como único responsável por eles. Saibamos que Deus nos concede sempre uma nova oportunidade de crescimento espiritual, mas avançar rápido ou devagar cabe a nós escolher. Lembrem-se que nunca perdemos ninguém, o ente querido que partiu antes de nós pode estar ao nosso lado e um dia com certeza nos encontraremos novamente seja no mundo espiritual, seja em outras encarnações. Um grande abraço a todos e que Deus nos abençoe e proteja sempre e Jesus nos guie e ilumine nossos caminho, assim seja!

Palavras-chave: Reencarnação, Espiritismo, Doutrina Espírita, Encarnação, Deus, Justiça Divina.