Nasce em 3 de Outubro de 1804, na cidade de Lyon (França), Hippolyte Leon Denizard Rivail. Filho de uma família tradicional de magistrados e professores, ainda na infância foi estudar em Yverdon (Suiça) no instituto do emérito pedagogo Pestalozzi, instituto esse tido como escola modelo na época.
Após se destacar entre os alunos do professor Pestalozzi, Rivail retorna para a França tornando-se mestre em letras, ciências, além de divulgar o método de Pestalozzi e participar de várias sociedades científicas. Rivail ainda escreve vários livros didáticos, métodos de reforma do ensino francês e formula cursos de aritmética, gramática francesa clássica, física, astronomia e fisiologia.
Em 6 de Fevereiro de 1932 casa-se com Amélie-Gabrielle Boudet, mulher muito culta que foi professora de Belas Artes e Letras além de escritora, poetisa e pintora, e companheira que o acompanhou durante toda a sua vida apoiando e ajudando em todos os seus projetos inclusive o Espiritismo.
Em 1854 ouve falar pela primeira vez nas mesas girantes por intermédio do Sr. Fortier, amigo pessoal e pesquisador do magnetismo. Com seu comportamento céptico e racional, Rivail não dá importância ao fenômeno à primeira vista. Após a insistência do Sr. Fortier e de ficar sabendo do fato de que as mesas “falavam”, Rivail decide observar e estudar o fenômeno por ver nele algo de sério.
Enquanto os salões europeus, e principalmente os franceses, se abarrotam de gente buscando diversão com o fenômeno das mesas, Rivail assiste aos fenômenos na casa da família Baudin onde se encontram pessoas sérias que buscam o lado científico do fenômeno. Observa que os fenômenos denotavam inteligência, e nesse tempo toma conhecimento da intervenção dos espíritos nos fenômenos, já que eles mesmos se mostraram através da comunicação usando pancadas nas mesas, a tiptologia, e demonstram exaustivamente serem uma individualidade por seu comportamento e suas idéias.
Um fato curioso foi a adoção do pseudônimo de Allan Kardec, nome que, segundo um espírito, teria sido seu em uma vida anterior quando fora um sacerdote celta. Assim Rivail por saber que seu nome era conhecido nos meios intelectuais da época decide publicar os livros espíritas utilizando o pseudônimo de Allan Kardec visando observar a força das idéias dos espíritos por si só sem a influência do seu nome já conhecido, dando assim uma prova de humildade e de confiança na Verdade que os espíritos traziam.
Após mais estudos e observações, faz várias perguntas aos espíritos sobre os mais diversos assuntos e com as respectivas respostas lança em 18 de Abril de 1857 “O Livro dos Espíritos1”, nome que deu por reconhecer que a verdadeira autoria do livro era dos espíritos. Lança ainda “O Livro dos Médiuns” em 1861, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” em 1864, “O Céu e o Inferno” em 1965 e “A Gênese” em 1968. Também foi o fundador da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas considerada o primeiro Centro Espírita2 do mundo.
Kardec recebeu várias comunicações em que os espíritos lhe falavam da sua missão de codificar o Espiritismo que deveria restabelecer a pureza do Cristianismo primitivo e proporcionar uma mudança moral na humanidade, e sabendo que se falhasse outro a faria em seu lugar porque a vontade de Deus sempre se cumpre. Os espíritos também o advertiram de que o trabalho que teria seria difícil, encontraria enormes dificuldades e comprometeria inclusive sua saúde, mas que eles o ajudariam em tudo e Kardec aceita a missão com incrível submissão à Vontade de Deus e humildade.
Em 31 de Março de 1869 desencarna trabalhando na cidade de Paris por conta da ruptura de um aneurisma. Em seu sepultamento, Camille Flammarion, grande amigo e companheiro de ideal espírita, profere comovente discurso em sua homenagem onde define Kardec como tendo sido “o bom senso encarnado”. Seu corpo está sepultado no Cemitério do Père-Lachaise em Paris e em seu túmulo está escrita a frase “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei” em francês.
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1. Ver página sobre as Obras Básicas do Espiritismo.
2. Ver página sobre os Centros Espíritas.
