“[...]Se Deus é soberanamente bom e justo, não pode agir por capricho nem com parcialidade. As contrariedades da vida têm, pois, uma causa e, uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa. [...]”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 5, item 3)
Deus sendo soberanamente justo é óbvio que os acontecimentos, bons ou não, que nos acometem também são justos embora muitas vezes não saibamos a causa.
É comum vermos as pessoas afirmarem que estão “pagando” seus débitos do passado, que estão passando por alguma situação para “resgatar” seus equívocos cometidos em outra vida, mas será mesmo isso? Sem nos prendermos ao sentido real dos termos pagar e resgatar, que não fazem parte de nossa análise, queremos levantar uma questão: será todo sofrimento conseqüência do que fizemos em outra vida? A resposta é um taxativo NÃO.
Não pretendemos aqui negar a existência de situações que são conseqüências de atos nossos cometidos em vidas passadas e que se nos apresentam hoje como oportunidades de crescimento, muito pelo contrário, mas alertar que isso muitas vezes se torna um pretexto para não enxergarmos que diversas situações pelas quais choramos hoje foram plantadas nessa mesma vida decorrentes de escolhas equivocadas que fizemos. Vejamos o que Kardec nos diz a respeito no capítulo 5, item 6 de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Portanto, como a causa vem sempre antes do efeito, se não está na vida atual, deve ser anterior a esta vida, ou seja, está numa existência anterior.” e podemos também acrescentar o trecho que se encontra no item 4 do mesmo capítulo e obra “Que todos aqueles que são feridos no coração pelas contrariedades e decepções da vida interroguem friamente suas consciências. Que busquem primeiro a origem dos males que os afligem e sintam se, na maioria das vezes, não podem dizer: Se eu tivesse feito ou deixado de fazer tal coisa, não estaria nesta situação.”
Cremos que os trechos falam por si, Kardec nos alerta a primeiro buscarmos a causa de nossos sofrimentos nessa vida e se depois de uma busca sincera não a encontrarmos aí sim podemos entendê-los como frutos de ações erradas cometidas em outras vidas, mas nem nesse caso isso é absoluto, pois pode o espírito pedir certas provas que nada têm a ver com seu passado, ou seja, não são expiação, mas também o ajudam a evoluir mais depressa por estimular sua inteligência, perseverança, fé e resignação.
Um abraço fraternal a todos e que Jesus nos abençoe sempre, assim seja!
Nenhum comentário:
Postar um comentário